"Com o tempo aprendi a esquecer meus pesadelos. Já os meus sonhos... estes me acompanham mesmo acordada."

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dorme, minha filha.

Estou muito triste. Nessas horas é que vem a necessidade de escrever.  Nem sei o que dizer, é um vazio tão grande que parece que nem meus órgãos estão dentro de mim.
Tristeza muito grande. Uma vontade de não ver ninguém, de não ouvir qualquer som, desejo de deitar numa cama quente, só porque eu sei que a minha está fria, gelada, até úmida...
e ficar lá deitada com o edredom até a cabeça, sufocando, tampando qualquer indício de luz, barulho ou presença, até quase morrer. Morrer me parece uma opção desejável e satisfatória nos últimos tempos. Quero ali, chorar compulsivamente até soluçar... sozinha.
Quero ficar pensando em nada e em tudo ao mesmo tempo. Tudo que era e não foi, tudo que foi e não era.
Vou ficar pensando no sorriso que hoje, nem falso, consegui fazer aparecer. Nos adjetivos que ganhei ao longo do dia pela minha falta de simpatia e cuidado. Estou distante demais, doendo demais, fraca demais...
Chorar até as lágrimas secarem e aquele suspiro vir de própria vontade, me lembrando de que não posso ficar ali e preciso me levantar.  Suspiro de compaixão por mim mesma e cansaço, aquele de quem se conforma.
Aí eu vou me levantar e, sozinha me preparar um café bem forte e quente. Depois eu quero me deitar de novo e um pouco mais calma e sem lágrimas vou ficar olhando um ponto fixo na parede, pensando em nada... pensando em tudo... pensando nele.
Vai vir aquele frio na barriga que vai me fazer encolher toda, abraçando as pernas pra tentar ficar menor ainda... pra ver se a dor fica menor também.
Vou me lembrar de quando ele disse que um dia estaríamos tão perto, tão junto, que nenhum espaço seria possível entre nossos corpos.
O vazio então vai ficar maior ainda...
Então vou fechar os olhos e, mentalmente, ouvir a primeira música que ele me mandou, as primeiras palavras que me disse, lembrar-me das flores, da sua frase que um dia foi nossa, de quando eu estive bem pertinho.
Vou ouvir sua voz... e, nesse momento vou me permitir adormecer, acho que é nessa hora  que Deus me diz assim "Dorme minha filha, porque enquanto você dormir Eu lhe farei de novo. Dorme minha filha, dorme..."
Vou ser essa noite um confinamento de sonhos.