"Com o tempo aprendi a esquecer meus pesadelos. Já os meus sonhos... estes me acompanham mesmo acordada."

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Pedregulhos ao vento

Necessito silencio, mas minha alma grita.

No meio da estrada tinham várias bifurcações e escolhi a que tinha mais pedras. 
Fui recolhendo uma a uma, até que o caminho ficou aberto, livre para que eu pudesse correr até a entrada do destino.

Coitada de mim! 
Pássaros que só passam, carregam no bico pedregulhos que, soltados do alto, fazem grande estrago aqui na terra. Eles não sabem o que fazem.

Inconscientemente, causam transtornos na rota. 
Mais tempo, mais lágrimas, mais lástimas, mais arrependimentos, mais calos. 
Feridas em processo de cura são novamente abertas e cicatrizes se eternizam na pele.

Mas, andarilho que sou, pés descalço e cabelos ao vento, sincronizo os passos que me levarão ao cume do monte, da onde verei o mar, 
em silêncio, 
com a alma balançando ao sabor de calmas ondas.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

aqui dentro

Quando eu me revoltei com minha vida? Nunca...
Minhas revoltas sempre foram internas, silenciosas, suspiradas e engolidas. Passei por momentos muito complicados, apanhei de todas as pessoas por todos os lados, já sofri agressões físicas e verbais, nem assim me revoltei. Nem diante de tantos abusos eu gritei, nunca perguntei o porquê de nada.
Não perguntei o porquê do meu pai ter me abandonado (diversas vezes), não perguntei o porquê minha mãe escolheu me deixar (sempre) pra trás ou o porquê de ela ter aceitado o meu "não vou com você". Pode ser que eu dissesse "não" para que alguém me perguntasse "por que não?" e aí nascesse uma conversa sobre tudo que eu vinha vivendo, talvez fosse carência de cuidado, pois, por mais que existisse alguém cuidando de mim, sempre me senti completamente sozinha no mundo.
Na verdade, eu nunca me senti cuidada, eu mesma cuidava de mim e das minhas coisinhas. Eu que sempre tinha o cuidado de deixar meus lápis apontados, a agenda dentro da mochila, estudava sozinha, me virava sozinha para nunca ter uma nota vermelha e desapontar a vovó, afinal, ela não entendia nada das matérias escolares e não poderia me ajudar caso eu não desse conta do recado.
Lembro-me agora de quando estudava na Escola Estadual e fui muito mal em matemática;, em um sábado, todos os meus coleguinhas foram para excursão no clube da cidade, e eu pedi a professora para me deixar na diretoria fazendo outra prova de matemática, tinha estudado muito e não podia ficar com nota vermelha no boletim. Ela deixou, eu me recuperei e ninguém nunca soube que eu não fui à excursão da escola.
E é isso, sou adulta desde os meus 8 ou 9 anos. Nunca me permiti dar "piti", reclamar da minha vida ou demonstrar minha tristeza e fragilidade, pois vovó tinha mais o que fazer e mamãe tinha a família dela para cuidar, não tinha tempo para perder com minhas revoltas, tinha seus próprios problemas e o de suas filhas e marido para resolver.
Achava que eram coisas que eu deveria viver mesmo, aceitar mesmo, que era meu karma, minha luta.. sei lá..
Eu aceitei tudo que a vida foi me dando e encaixando todos os maus sentimentos de uma forma que eles coubessem em mim sem que fizessem barulho. Nunca fui de fazer barulho.
Também não fui uma criança abraçada, beijada, etc.. não sei o que é esse contato físico, esse carinho exteriorizado. Lá em casa ninguém foi assim.
Não me lembro de ter ouvido "eu te amo" quando criança, ou adolescente, aliás, eu nunca OUVI "eu te amo".. as únicas vezes que isso veio de minha mãe, minhas irmãs ou minha tia foram pela internet, por mensagens, porque pessoalmente mesmo eu nunca ouvi isso. Acho que também nunca falei para alguém.. sempre foram palavras escritas e não sonorizadas.
Nem para família, nem para ex namorados.. o "eu te amo" sempre foi impresso em um cartão de datas comemorativas.
Penso agora que por 23 anos fui, em resumo, distante, fria, dura, tolerante, paciente, conformada.
Acho que as pessoas que têm uma família bem estruturada, ou familiares bem próximos, presentes, onde o diálogo é corriqueiro, se sentem protegidas e, assim, vivem mais naturalmente.
Eu, por nunca ter me sentido protegida, segura, criei minha própria armadura, forte, impenetrável, algo que todo mundo sempre percebeu, mas nunca entendeu que não era algo meu. Essa minha maneira fria e distante de lidar com as pessoas não acredito que seja algo inerente a minha pessoa, mas sim uma blindagem artificial esculpida pelas minhas próprias "mãos".
Nesses 23 anos ninguém me conheceu de verdade, nem mesmo eu.. 



segunda-feira, 15 de abril de 2013

muitas palavras, sem palavras...



Eu creio que a senhora sonha talvez demais. Sonhará uns amores de romance, quase impossíveis? Digo-lhe que faz mal, que é melhor, muito melhor contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir.

— Machado de Assis


terça-feira, 9 de abril de 2013


Sempre em pé

Saiba que você só tem a si e a Deus.
As pessoas em que você mais confia são aquelas que por qualquer besteira vão te decepcionar.
Não espere, não crie expectativas.
Cada pessoa age de acordo com suas próprias convicções e vontades, e não de acordo com o que imaginamos que ela fará.
Expectativa, ilusão e decepção são palavras que nasceram juntas, como gêmeas siamesas; impossível que sejam separadas e não reste pedaço de uma presa à outra.
Nada é o que parece ser, e tudo que parece ser acaba nos surpreendendo, positiva ou negativamente, depende da história que você criou a partir dos seus sentimentos.
Certo é que toda reação provém de uma ação, mas é importante se certificar de que a sua reação não está se espelhando em algo que se apresenta fora da ação em si, e sim sobre a ação direta, própria, seca, sem reflexões, suposições ou devaneios.
No final seus sentimentos importam menos que a realidade nua e crua. A vida se tornou automática, fria e, como a matemática, deve ser calculada. Não há espaço para sonho com flores, muito menos para ímpetos emotivos.
Resta confiar na sua boa intuição e na incrível capacidade de se autorregenerar após cada passo em falso.
Seja feliz com você e por você, custe o que custar.
E tenha fé. Sempre tenha fé!




quarta-feira, 3 de abril de 2013

Tradução de um momento

Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver

Toda pedra do caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher


É preciso saber viver

terça-feira, 2 de abril de 2013

Enquanto o amor não vem II



É muito difícil tomar uma decisão que você sabe ser preciso quando se ama alguém e quer muito estar com essa pessoa.
Porém, quando junto a isso, existe uma falta de amor-próprio, uma falta de respeito, de autoconfiança, você hesita antes de decidir se irá se submeter a um processo de transformação da realidade que você tem ou se pode viver doente mais um pouco. É normal, que nesse momento você minta para si mesmo dizendo "Na verdade, não é tão ruim assim".
É tão ruim assim, sim!

É preciso ter disposição para encarar a verdade e aí, instantaneamente, você assumirá a responsabilidade pelas prioridades que estabeleceu em sua vida e agirá de acordo.
Irá respirar fundo, empinará o peito ferido e usará a única arma que tem contra tudo o que vem te fazendo mal: a renúncia.
Renunciar não é se render: é desistir das coisas que não estão funcionando, das coisas que mais trazem dores do que alegrias. Desiste-se dos maus hábitos, das coisas que não estão ajudando a aprender a se amar.
Aqui você vai saber que não pode consertar, mudar, ajudar, reiventar o outro. Mas, com o amor que nos foi confiado por Deus podemos mudar a nós mesmos, dar um tempo para descobrir o que precisa saber a respeito de si.

Começa, então, um tempo de espera, de autoconhecimento, de autocontrole, de descobertas.
Disposição para enfrentar o meio-tempo significa reconhecer que não estamos sozinhos, mas que estamos com nós mesmos e que não nos importamos em nos fazer companhia. Encontrar alguém , apaixonar-se, ter um relacionamento - não é isso o que nos motiva. Agora queremos dar um jeito em nós mesmos. Queremos entrar em forma, mental, espiritual e emocionalmente. Queremos tratar de assuntos inacabados, assuntos que assustam e ficaram de lado.
Este é um excelente momento para se perguntar por quê. Mas, mais do que isso, é preciso estar preparado para ouvir a resposta, pois nem sempre ela pode ser o que você quer ouvir.

De novo, digo que é importante ter disposição. Enquanto não renunciarmos à raiva, ao ressentimento, ao desespero, às inseguranças e ao medo, o meio-tempo não poderá ser uma experiência de mudanças positivas.
É disso que trata a renúncia: simplesmente parar de fazer as coisas que nos deixam infelizes, loucos, tristes, com ódio de nós mesmos e neuróticos.

Não existe tempo para essa fase, ficamos nela o tempo necessário, não apenas para ficarmos prontos, mas que o outro lado também fique.
Em outras palavras: você pode estar pronto, mas sua "alma gêmea" pode não estar. Você pode estar curado de suas inseguranças, mas sua "metade perfeita" pode ainda não estar totalmente curado das doenças da alma. Você pode ter perdoado tudo o que tinha para perdoar, mas a pessoa pela qual está esperando pode nem ter começado a fazer o trabalho de perdoar e renunciar. Consequentemente, ficamos no meio-tempo até que a pessoa divina também esteja preparada e pronta para nós, para nos fazermos felizes, para nos amar incondicionalmente.

"Todo relacionamento é o relacionamento que precisamos naquele momento"

Ouvi isso e nunca mais esqueci.

Quando o motivo da união é alcançado, ou a estação da união termina, um relacionamento irá terminar e iremos entrar de novo na espera... é um ciclo, até que, finalmente, duas pessoas preparadas e prontas se encontram para nunca mais se separarem. 

Amor, tudo e sempre... 

Sapiência


Você espera por alguém anos inteiros.

Acredita em todas as suas desculpas, mesmo sabendo que elas vêm recheadas de mentiras e omissões. 
Você não desiste de confiar que um dia a coisa mude, que a verdade prevalesça e o amor também.
Você reúne forças e esperanças não sabe daonde e segue na luta, dia após dia, decepção depois de decepção.
Você acredita, você corre atrás, você se dá até a última gota de amor-próprio.
Depois de tudo isso, de tanto tempo, você ouve "nós não combinamos" ou "você não é pra mim" etc etc.
Diante de certas atitudes, ou falta delas, falas, ou falta delas, resta juntar seus cacos estilhaçados no chão e se retirar.
E a primeira coisa que li quando acordei vai ao encontro de tudo isso.

"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis."

Fiz coisas admiráveis neste mais de anos.

Sapiência!!