"Com o tempo aprendi a esquecer meus pesadelos. Já os meus sonhos... estes me acompanham mesmo acordada."

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"Vida pouco útil" - Parte V ou VI


As malas ainda não estão prontas, mas a próxima parada já foi definida.
Nessa vida de cigano vou fazendo vidas e as deixando no passado.
É triste. É bem mais triste que feliz.
A cada nova estada eu perco muito. Não tenho mais aquela euforia pela mudança,
Não me impressiona ter uma nova casa em uma nova cidade. Já me acostumei em ter que começar do zero. Descobrir onde se faz o melhor pão francês, onde é mais viável fazer mercado, em qual farmácia farei o cartão de fidelidade, só para ser bem simples, não me traz a sensação de novidade. Dessa vez está tudo diferente. Vou porque é pra lá que o rio está correndo, vou porque cansei de lutar pelos meus sonhos, as minhas vontades.
Foram tantos tombos e tropeços desde a última (na verdade penúltima, mas eu não queria lembrar) mudança de CEP que agora eu vou no fluxo, acreditando piamente que o que vier é lucro, pois já não espero nada dessa minha vida.
Cansei de fazer esforço.
Surtei, chorei, quebrei (em todos os sentidos), xinguei... fui um poço de ignorância e cegueira. Mas, depois de perder o que mais importava (desde setembro de 2010) decidi parar e anular todos os meus sentimentos, reações, emoções. 
Eu não tenho mais forças, alicerce, ou qualquer coisa capaz de manter um pessoa de pé. 
Estou deixando as pessoas decidirem as coisas que devem ser decididas, elas me comunicam e eu aceito. 
Agora eu estou calada, fria, devagar, morta (é, morta mesmo, porque acredito que quem deixa de pensar é porque morreu. Então, eu morri). 
Melhor assim, tenho medo de passar de novo o que vivi nos últimos 20 dias. Vou ficar quietinha aqui para não lembrarem que ainda respiro e tudo se repita.
Muita coisa (na verdade uma pessoa) eu já não posso desejar, então só espero que ao invés de “nova cidade, nova rua, nova casa, novo CEP” eu possa chamar esse novo lugar de LAR.