As malas ainda não estão prontas, mas a próxima parada já
foi definida.
Nessa vida de cigano vou fazendo vidas e as deixando no
passado.
É triste. É bem mais triste que feliz.
A cada nova estada eu perco muito. Não tenho mais aquela
euforia pela mudança,
Não me impressiona ter uma nova casa em uma nova cidade. Já me
acostumei em ter que começar do zero. Descobrir onde se faz o melhor pão
francês, onde é mais viável fazer mercado, em qual farmácia farei o cartão de
fidelidade, só para ser bem simples, não me traz a sensação de novidade. Dessa vez
está tudo diferente. Vou porque é pra lá que o rio está correndo, vou porque
cansei de lutar pelos meus sonhos, as minhas vontades.
Foram tantos tombos e tropeços desde a última (na verdade
penúltima, mas eu não queria lembrar) mudança de CEP que agora eu vou no fluxo, acreditando piamente que o que vier é lucro, pois já não espero nada
dessa minha vida.
Cansei de fazer esforço.
Surtei, chorei, quebrei (em todos os sentidos), xinguei... fui
um poço de ignorância e cegueira. Mas, depois de perder o que mais importava
(desde setembro de 2010) decidi parar e anular todos os meus sentimentos,
reações, emoções.
Eu não tenho mais forças, alicerce, ou qualquer coisa capaz de manter um pessoa de pé.
Estou deixando as pessoas decidirem as coisas que
devem ser decididas, elas me comunicam e eu aceito.
Agora eu estou calada,
fria, devagar, morta (é, morta mesmo, porque acredito que quem deixa de pensar
é porque morreu. Então, eu morri).
Melhor assim, tenho medo de passar de novo o
que vivi nos últimos 20 dias. Vou ficar quietinha aqui para não lembrarem que
ainda respiro e tudo se repita.