"Com o tempo aprendi a esquecer meus pesadelos. Já os meus sonhos... estes me acompanham mesmo acordada."

domingo, 28 de novembro de 2010

Sem flores nem fotos


Não sabe o porquê, mas ele a deixou chegar. Meio desconfiada e um tanto atrevida. Ele permitiu.

Era pra ser divertido, velado, mas a pele transpirou e ela não pode segurar. Como tudo, as cores irão desaparecer e era melhor que estivessem em um planeta deserto ao som do tempo e do vento, sentindo somente um ao outro.

Nunca sentiu rejeição nos olhos dele. Ao contrário, os olhos fizeram um desejo nascer, desejo que não pediu troca. Foi belo e, ao mesmo tempo, cheio de medo. A incerteza do depois trazia arrepios à alma, que os dois tentavam manter aquecida.

Só quis o envolvimento dos corpos, mais do que isso não poderia nem passar pelos seus sonhos. Sempre foi o contraste da mulher e da menina. De um lado frágil, do outro envolvente. Menina mulher, que já havia aprendido não criar fantasias ou expectativas. Sabia que esperar algo do outro significava correr o risco de se queimar. Apenas fazia sua parte, nunca deixando de desejar que ele fizesse o que lhe cabia. Mas, entendia.

Do mesmo modo que podia querê-lo hoje, amanhã poderia decidir esquecê-lo. A verdade é que nunca o quis para sempre, sempre é muito tempo e também tem fim. Pra sempre é enquanto durar. Queria apenas seus olhares naquele instante. Ou também pode ser que o queria até a morte, mas não se dava o prazer de acreditar no que sentia... algo que chegou do nada e poderia ir embora pro nada.

Não tinha o motivo certo, mas um bom motivo ela sempre iria garantir.

Enquanto ela queria paz ele buscava segurança. Mas, ambos sabiam que voar a alguns metros do chão não seria de todo mal ou errado.

Não estava perdida, só desencontrada. Ele era uma enorme interrogação e, às vezes, reticências. Tinha uma certeza, aonde fosse não queria dor, pois o queria livre também. E talvez mais outra certeza: se um dia se prendesse, que a raiz fosse como ele.

Andava tão à flor da pele, que sua pele tinha o fogo do juízo final e, como não queria que a brasa virasse cinza, pediu que o papel não aceitasse um fim para essa história.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Gerais de Minas


Minas das vendas, do mercado e do ouro.

Minas de Diamantina.

Minas do leite, do queijo, da cachaça, das esquinas, das Igrejas.

Minas das ruas de pedra, palco de prosas e do carnaval.

Minas das casas sem tranca e de janelas baixas.

Minas do povo que acolhe, do café quentinho, do bolo de fubá e das crianças livres.

Minas da Praça Sete, da feira, de Mariana e Tiradentes, de Macacos e Milho Verde.

Minas de morar com avó, de pedir “bença”, do encontro depois da missa e do pão de queijo.

Minas das cachoeiras, das serras, dos morros e do frio. Minas ao luar.

Minas do trem, do uai, do sô, das vilas, vilarejos, ruelas e pinguelas.

Minas que dá saudade.

Minas que se põe em um belo horizonte, que dorme ao som do berrante, que acorda com galo a cantar.

Minas onde todos são conhecidos. É primo do Antônio, casado com a Joana, vizinho do Seu Bené...

Minas onde todos são amigos, família e bem vindos.

Minas que venta amor e sorri com a felicidade.

Minas que é paixão, sereno e estrelas.

E se disserem “Ahh, Minas nem tem mar”...

com orgulho irei responder: “Não há problema algum se Minas não tem mar.

Coitado do mar, que não tem Minas Gerais.”

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pontos


O olhar. De novo. E mais um. O sorriso.

O cumprimento. As palavras. O telefone.

O telefonema. Um café. Um até logo.

A mensagem. As palpitações. Os suspiros.

A esperança. O medo. A imaginação.

O telefonema. Um almoço. A conversa.

Um email. O elogio. A ausência.

O telefonema. Um encontro. A espera.

A esperança. O medo. A hora marcada.

Um vinho. Palavras. Mãos. Olhares.

O beijo. Os beijos. As roupas. Os olhares.

A despedida. A lembrança. O frio.

A esperança...

O telefonema. O encontro. Os corpos.

Os abraços. O carinho. A saudade.

Os dias. O sol. Os dois. A paixão.

A esperança...