Outsider

Lembro que um amigo me contou que, por vezes, me observou andando pelas ruas na cidade onde morei. Segundo ele, eu sempre andava como se o mundo não existisse. Impressionado com o meu desligamento, perguntou em que mundo vivo. Isso faz uns 3 anos, mas só hoje consegui respondê-lo: Não sei qual o meu mundo, mas com certeza não é o esse que vocês chamam de normal.
Para quem sempre me joga na cara diz que não me preocupo com nada, ou que a cada hora mudo de pensamento (já disse que sou de gêmeos?), que sou muito tranqüila (verdade! tem gente que me acha tranqüila), aí vai minha resposta...
Não, eu não me preocupo se amanhã tem prova e eu não estudei.
Não me preocupo se amanhã tenho que me levantar cedo e é de madrugada e eu ainda estou twittando acordada.
Não me preocupo se estou quase me formando e ainda não sei o que fazer da vida.
Não me preocupo em poupar hoje para ter amanhã. (se eu morrer ficará tudo pro Governo)
Não me preocupo se fiz o que deu na telha e as pessoas julgaram minha atitude como insensata, ou impulsiva, ou mesmo vexame. Não nasci pra agradar ninguém. (E se eu morro com uma vontade reprimida?).
Sabe por que eu não me preocupo? Pelo simples fato de que minha preocupação não vai alterar em nada o que está fadado a acontecer. Preocupação vai mudar o dia da prova? Vai me mostrar o que quero fazer para o resto da vida? Vai trazer as pessoas que amo pra perto de mim?
NÃO!!! Então, pra quê esquentar minha cabeça com o que eu não posso mudar?
Sim, eu me preocupo importo e muito, mas com coisas que EU acho que fazem sentido ou nem tanto ou que, simplesmente, me divertem. “E que fiquei muito mal explicado. Eu não faço força para ser entendida, quem faz sentido é soldado”.
Eu me importo se o tempo está passando e eu ainda não fui à Gallerie dell'Accademia ou ao Central Park.
Eu me importo se minhas irmãs estão bem, se minha avó acordou disposta, se o que me faz feliz faz alguém feliz também.
Eu me importo se hoje eu deixei alguém magoado e nem percebi, ou se percebi, mas não tive coragem de pedir desculpas.
Eu me importo em dizer tudo que quero.
Eu me importo em fazer com que as pessoas que eu amo, admiro ou somente tenho afinidades, saibam o que eu sinto por elas, antes que eu parta desse mundo, que nem é o meu.
Eu me importo com os sonhos e com algumas poucas pessoas.
Vejo a minha vida como uma cadeia de acontecimentos que pouco tem a ver com as minhas preocupações.
Pra mim, preocupação é sinônimo de sofrimento, de dor, de desespero, de impotência. E eu posso tudo, só depende de mim. Portanto, preocupação é uma coisa que não faz parte da minha vida.
Você deve estar se perguntando “Essa garota é louca? Como assim não se preocupa com nada?”. O que vocês chamam de preocupação eu chamo de importância. Eu dou importância a várias coisas, mas não deixo que elas tomem conta da minha vida e se tornem um problema.
Preocupação é problema. Importância é saudável, é bom, nutre os sentimentos, define as prioridades, facilita as decisões, impulsiona as ações, dá sentido à rotina, dá vida aos sonhos e sonhos à vida...
Para maioria alguns é importante saber qual a cor da moda nessa estação, qual o carro aquele vizinho comprou e de onde ele tira dinheiro pra viver tão bem, quem a fulana está pegando. Pouco me importa se é cool usar um esmalte nude, uma calça jegging ou uma ankle boots. (Falarei de tendência em outro post, palavrinha que, aliás, me dá preguiça). Pouco me importa se meu vizinho trabalha ou é bancado pelos meus tributos.
Pouco me importa muita coisa que não acrescenta nada na minha vida.
O que adiantou decorar as fórmulas de química e as equações de matemática? O que acrescentou saber que π = 3,1416.......?
As pessoas grandes são muito estranhas, adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se interessam em saber como ele realmente é. Não perguntam nunca: 'Qual é o som da sua voz? Mas sim:' Qual é a sua idade? Quanto ganha?' Somente assim é que elas julgam conhecê-lo. Elas são assim mesmo. É preciso não lhes querer mal por isso. Mas, eu preciso ir... E, como o Pequeno Príncipe, vou voltar para o meu mundo, lá deixei uma flor me esperando, e, mesmo que ela não admita, ela precisa de mim...Lá sim, poderei envelhecer com os olhos e a percepção de uma criança. E se insistirem em dizer que eu estou louca eu concordo com vocês. “O louco que reconhece sua loucura possui algo de prudente; porém, o louco que se presume sábio esse está realmente louco”. E Alice já me disse, que as melhores pessoas do mundo são assim e eu acredito nela...(ela vai me apresentar meu Chapeleiro, mas é segredo..não espalha,ta?!)
Não sigo padrões. Não tenho rótulos. Não faço média, não repito comportamentos. Não sigo a massa. Não sorrio pra agradar. Não faço questão de ser simpática. Não dou bom dia quando não quero dar. Não elogio quando não gostei. Não sei fazer a falsa educadinha para ser aceita.
Eu não vou me adaptar, eu sou de outro mundo. Aqui vocês têm muitas preocupações e eu tenho muitas importâncias...